das palavras inconformadas, de
Isabel Bastos Nunes em "À PROCURA DE MIM"
Alvaro Giesta, autor
[(...). É difícil, em poucas
palavras, escrever-se um grande poema do qual se possa intuir sobre a verdade
ontológica da poesia ¾ isto é, se dela se pode conhecer "tudo" quando ela se limita ao questionamento directo do óbvio, ou se "nada" se pode
conhecer de todo o abismo que envolve a palavra poética, interrogando-a e
interrogando-se, questionando-a e questionando-se numa tentativa de resposta,
pondo em causa a sua obscura natureza quando o não-óbvio está presente no texto
poético.
(...)
Difícil é também escrever um longo
poema em que não é apenas o tamanho que lhe confere grandeza, mas o valor ontológico que em si está
contido, em que o poeta consegue dizer ao longo dele, o que ele julga ser tudo,
sem se perder nem desviar do pensamento que pretende transmitir. É aqui que se
enquadra a poética de IBN.
A
sua poesia é o lugar, não da probabilidade mas, da afirmação, da capacidade de
dizer aquilo que a palavra quer dizer sem necessidade de recurso às metáforas e
às imagens, que têm a função imagética de ocultar o óbvio para tornar o texto
poético mais apetecível, porque alindado e ornamentado pela capacidade que as
figuras estilísticas têm, de tornar o texto mais belo ainda, tornando-o, a elas
afeito, confuso e preso a um certo grau de dificuldade para o seu entendimento.
¾ E eu falo aqui da poesia que dela conheço por
leituras feitas não apenas ao título mas, também, ao que deixa nas redes
sociais, porque falar somente do conteúdo da obra, é afirmar por defeito; mas
não posso deixar de dizer que À PROCURA DE MIM é, talvez, a melhor obra que eu
li até hoje sobre este mistério: O ENIGMA DO SER, onde é presença constante
lado a lado com o Sujeito-poético e o Objecto-poético (o Eu e o Outro), o Silêncio, a Solidão, o Tempo, a Vida, as
Palavras, o Sonho e os Medos, e até a voz da Ilusão.
O
enigma do ser repete-se ao longo de "Procuro o Teu Olhar" numa
entrega silenciosa ao "outro ser", mas com a voz presente e activa do
sujeito-poético que a todo o tempo se dá como se numa vontade de não-ser ¾ «e tu e
eu não queremos acordar» ¾ aqui, na terra, mas na eternidade
para além do que está além do impossível. Nesta utopia, diz-nos a autora, «somos
dois instantes feitos de eternidade / e a essência dos nossos sonhos / não se prende
no impossível». Podemos dizer que em IBN, neste mistério da existência,
o sonho existe como uma ânsia de fuga à realidade ¾«não queremos
acordar»¾ para o refúgio e abrigo na eternidade, no impalpável, no
inconcreto ¾«somos dois instantes»¾, onde o nada-ser sequer é impossível
para a concretização do sonho.
A
poética de IBN não tem sombras transgressoras ornamentadas pelo símbolo a
ocultar-nos a luz. A sua poética é luz e é tempo, é paz e silêncio, é sonho, é
mistério, é enigma e lugar também. É, afinal, a natureza pura das coisas que os
olhos veem e o coração sente (...).
Nisto,
descobri eu IBN nas palavras que nos deixa quer em verso, quer em prosa com
sabor a poesia, quando vagueia dentro de si em comunhão com o tempo, com o
silêncio, com a solidão e com o mundo.
As palavras de IBN revelam profundidade partindo da superfície das coisas
(...)].
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(extractos) - direitos reconhecidos
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