Alguns poemas de O Retorno ao Princípio
eis
o invisível monumento
da
lucidez:
onde
a luz acabou
reacendeu-se
a
vida;
o
timbre afina-se
no
abrir duma janela
que
antes de estar aberta
se
abriu.
erguem-se
do silêncio
as
almas
em
centrífuga abstracção.
onde
o
vento
exunda
a escuridão das águas
e
cresce
a
exumação das coisas inúteis,
há
a
elevação das almas
ao
infinito-além.
*
nesta
persistência
sombria
do
afastamento;
na
lúcida passagem
das
pulsações,
a
morte
tal
perfume de estrela
ausente
visita
o nascimento.
eu,
noutra parte
fecho
as pálpebras na misteriosa
bruma,
tu
noutro
céu levante
crias
de novo
a
partir da espuma.
*
naufraga-se
num sono
eterno.
onde
se ergue
a
transparência da solidão
do
espaço,
arde,
na
fulgidez celeste,
longínqua
chama
a
despedir-se
da
alma desavinda.
inaudível
é a força
e
estrépita!
emerge
depois,
a alma
para
fúlgida esfera.
*
desprende-se
para
destino enigmático,
do
âmago do corpo
extenuado,
a
alma sedenta de glória
noutro
céu.
a
barcaça da morte
atravessa
o
lago escuro da noite
onde
tudo acaba
e
tudo começa.
exaurido
todo
o tempo anterior,
refulge
prenúncio
de novo dia.
*
a
substância
em
maturação inclina-se
no
seu propenso vagar
para
a glória da morte,
e
dela
em
glória renasce
em
novo dia.
do
seu fim
acontece
todo o princípio.
deslumbra-se,
do
corpo que se desintegra
agora,
a
alma
que
se difunde no abstracto
devir.
*
eis
a transparência
da
morte,
na
partida e obstáculo
para
novo espaço:
aqui
se funde
e
se transforma
em
movimento.
que
seja coincidente
o
silêncio
e
a falta dele
e
que ao cair se levante
e
caminhe,
mesmo
que aí termine
o
seu andar.
onde
tudo termina
se
ascenda ao princípio.
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