José Luís Outono “MAR DOS SENTIDOS”
(chancela
Edições VIEIRA DA SILVA, numa edição de 2012)
–
Opinião
Literária©
(não escrevo segundo as regras do acordo
ortográfico)
Da minha
leitura, a análise sempre subjectiva, que fiz do livro de JOSÉ LUIS OUTONO, “Mar de Sentidos”
José Luís Outono, existe, enquanto poeta, no espaço e no tempo. E existe
a obra enquanto, sem invenções, nela “sonha”
o poema, o faz “nascer”, o constrói,
o eleva, através da palavra, ao interior da alma de quem o lê, pois, na sua,
teve gestação antes de nascer. Afirma-se, o poeta, não apenas como corpo, que
é, mas, também, como construtor de signos – construtor, e, não, inventor! – com
que talha a sua escrita.
Descansa nas letras, que escreve, e nos versos que constrói. Tanto está “no olhar” de alguém “sem descansar”, como sulca o mar em
desafios constantes da palavra. Exprime-se, no termo poético, através desses
signos, tão seus, com mestria tal, que faz parar o leitor, no tempo, sem deixar
o tempo do autor, para regressar ao princípio e se extasiar de novo na leitura.
Só, assim, quem lê José Luís Outono, o conseguirá ler e compreender sem
perder o fio à leitura. Eu li-o, neste seu Mar
de Sentidos, por quatro vezes, pausadas em tempo longo, mas o
suficientemente curto para não me não perder na memória da leitura, e poder
tecer, dele, este comentário, que não é crítica literária na verdadeira acepção
da palavra, nem a tanto me atrevo. É nesses “rios de cristal” que Luís Outono se abraça à escrita, levando-nos
consigo, para nela nos elevarmos nas suas “margens
de porto seguro”. Nas “falésias
sorriso” das suas palavras que manuseia com perícia ímpar, faz-nos “beber o néctar” sempre “no sentido nascente” do seu Mar de
Sentidos.
Dos seus poemas,
faz um hino, onde prolonga o amor sentido, quando criança, nos braços do desejo
de um dia só, por viver, mesmo que “sem
nome e sem sorrir”. Nem mesmo os “tantos
disparates” que escreveu, que nem a “memória
os guarda”, deixam de ser a sua afirmação intemporal da vontade e temporal,
ao mesmo tempo, porque os seus versos consistentes, ainda que na “ceia” da “tarde brilho do Outono”, eles “multiplicam-se
de sabores” e ânsias de saber.
É dialógico, no campo do amor que canta. Ainda que mantenha o diálogo, em
monólogo poético, define-se como alguém que se reconhece “cego de esperas”, de sorrisos que se esfumam de desafios aos quais
já não pertence. Mas, não desespera. Pois, “se
um dia construísse um apelo / faria um muro de palavras / (em) poema universal /”. Ao invés de
classificar José Luís Outono, como poeta com rótulos de escolas, ou tendências,
pois a tal me não atrevo por não ser crítico literário, em consciência o digo,
plausível será reconhecê-lo como um dos melhores poetas, da língua portuguesa,
da contemporaneidade.
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2012 Fernando A. Almeida Reis, ortónimo de Alvaro Giesta e de Miguel Faia,
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