Uma Poética de Guerra "Há o silêncio em volta"
"(...)
Um grito de silêncio morre
impotente
no
fundo da garganta (...)"
"(...)
o silêncio abate-se sobre nós (...)"
"(...)
o que fica depois disso?
as
marcas da dor, o sangue
vertido
e
o silêncio do vazio"
- in "há o silêncio em volta" de Alvaro
Giesta
são estes os versos
colhidos do livro sobre poesia de guerra "há o silêncio em volta",
que me parecem apropriados para explicar a razão do silêncio no corpus do tema
"Poesia de Guerra" com que o autor deu forma e vida ao livro.
Antes de entrar naquilo
que será "como se fosse
prefácio", deixem que vos diga que a melhor homenagem que podem fazer
aos poetas e escritores, é ler as suas obras. Só assim os poetas e escritores
terão razão de existir.
Deixar-se possuir pela
poesia, viver a poesia, difundir e partilhar a poesia, é viver com quem a
escreve. É viver, com o poeta, as suas inquietações, a sua procura, o seu tempo
de ausência, a sua revolta, o seu desassossego, quantas vezes a sua descrença
no mundo, mas, também, a sua tentativa de resposta.
No que me toca, em
particular como ortónimo, nada me dá maior satisfação do que saber que me leem,
me apreciam e levam outros a debruçarem-se sobre os meus versos. Isto não é
egoísmo nem qualquer outro capricho, muito menos narcisismo. É apenas vontade
desinteressada de me dar a conhecer, conhecendo-me.
E agora, debruçando-me
na poética de Alvaro Giesta, naquilo que colhi desta sua leitura da guerra em
que tomou parte:
Quando se anda numa
guerra de guerrilha, talvez mais traiçoeira do que as guerras clássicas, onde
nunca se sabe de onde vem a bala traiçoeira, nem onde está a mina prestes a
pisar, onde está o arame de tropeçar com que se vai accionar a armadilha ou onde
está montada a emboscada mortífera que à saída do trilho para a clareira, com o
capim a rasar as alturas dos ombros, vai varrer o pelotão sem dó nem piedade, a
morte é o convívio que parece impossível e quantas vezes o combatente se sere
do sentir poético para ultrapassar a
barreira do medo, da dor, do luto que ficou por aqueles que tombaram.
"O silêncio sepulcral
depois de cada emboscada
Nada se sabia
por minutos longos que pareciam horas...
Dissipava-se aos poucos o cheiro
da pólvora queimada...
dissipava-se o medo,
ficava apenas o suor a sangrar
do corpo
e no peito a dor...
No ombro ainda a dormência
e a marca
do coice da espingarda
No cérebro a dúvida se vale a pena
esta carícia
da pátria agradecida
Puta de pátria que tais filhos, pares
para lhe agradeceres
aos coices!"
- in "há o silêncio em volta" de Alvaro
Giesta
"Somos
pontos minúsculos
na
imensidão da chana...
O
sol perdeu há pouco o tom
ensanguentado...
ergue-se
agora áspero
abrasivo
em
toda a imensidão da terra
Apenas
capim.
à
nossa frente apenas um mar imenso
de
capim
um
mar de incerteza
sem
ondas bravias mas tão traiçoeiro
Saímos
do terror nocturno
e
da surpresa traiçoeira da madrugada
ardilosa
para
nos lançarmos na travessia
desta
chana tão extensa
Sabemos
que do lado de lá
nos
espera
a
sombra acolhedora das copas das árvores
mas
também a morte traiçoeira
da
emboscada"
- in "há o silêncio em volta" de Alvaro
Giesta
É nessas alturas que a
poesia da ausência, que a poesia da falta, a poesia da raiva e do medo, nos
nasce na alma e gravamo-la na mente, que as mãos estão ocupadas em segurar com
firmeza a espingarda, e os olhos em constante observação da linha do horizonte,
sempre pronta a desvendar-nos o reflexo incandescente que sai do tapa-chamas
das armas do inimigo ou a tentar desvendar a surpresa no interior da mata
fechada e traiçoeira, que se estende a meia dúzia de passos do trilho onde
progredimos.
É nestas alturas, e
voltando à força dos primeiros versos "Um
grito de silêncio morre / impotente / no fundo da garganta // O silêncio
abate-se sobre nós", que o "silêncio estilhaçado", ou antes,
os silêncios vários, fazem (ou fizeram)
cortina no tardar em dizer o que mais tarde se conta. É este jogo da palavra silêncio na narrativa crítica que
imprime à poesia de guerra - neste caso concreto, à guerra colonial -
permanentes movimentos que importam não esquecer e divulgar. E haja quem os
divulgue...
É por isso que, a este
tempo de falta, a este tempo de ausência, a este tempo da dor, só consigamos
dar corpo ao silêncio até aí existente, ao fim de algumas décadas, porque até
aí faltou a coragem de o dizer, de o deixar expresso por palavras escritas para
a posteridade, amordaçadas pelo receio, pelo medo do julgamento que nos possam
fazer. É o mundo das mentalidades tantas vezes em julgamentos injustos, porque
não passaram por lá, porque não enfrentaram a morte, porque não enfrentaram a
dor de ter de matar para não morrer. É a injustiça dos homens a julgar os
outros homens, a julgar aqueles que tiveram a coragem para escrever da guerra
em que andaram envolvidos e de que saíram, tantas vezes, mutilados no corpo, e
outras, tão graves ou mais do que aquelas, mutilados no cérebro e esmagados na
alma.
As imagens da guerra e
da morte ficarão tristemente indestrutíveis, como assombrações perenes, gravadas
no cérebro do ex-combatente e no peito ferido, onde penduraram a cruz de guerra
pelos feitos em combate, muitas vezes cobardes, mas descritos como valentes. Peito
que sangrará de dor até ao juízo final.
"Rastros
de sangue vermelho
nos
braços decepados
do
capim...
O
matraquear da kalashnicov
trouxe
o susto
e
o medo misturado na raiva
e
na dor
Os
heróis em mortalha repousam
os
ossos desfeitos
no
silêncio da capela
sobranceira
à morte
e
ao medo
Ouve-se
o rastejar traiçoeiro
do
inimigo
e
quase em cima de nós
o
bafo quente da morte
Tortura-nos
a noite...
O
som das rajadas
vindas
sabe-se lá de onde
esfrangalha-nos
os nervos,
e
a mina traiçoeira
destrói
o
desgraçado que a pisou"
- in "há o silêncio em volta" de Alvaro
Giesta
São
estados de alma difíceis de escrever no verso; são ambiências duras de roer,
revoltas interiores que provocam depressões, trazem raiva e traumas para toda a
vida, pela perda impossível de remediar; são isso tudo numa amálgama de
sentimentos difíceis de descrever e de esquecer. São isso tudo, que nunca são
um sentimento único, que provocam torrentes de versos difíceis de entender.
Em
guerra, a morte é o mote neste convívio que parece impossível. E, não fosse o
sentir poético do combatente, que não tem que ser, necessariamente, poeta, não
fossem até, muitas vezes apenas ténues lembranças de amor e de sonho, que nunca
o abandonam, ou dificilmente o abandonam, talvez até as únicas que o mantiveram
sóbrio e mentalmente saudável, nesta terrível travessia que lhe foi imposta,
teria o combatente ensandecido, desertado ou, até mesmo, muito simplesmente
apontado à cabeça a sua arma de combate.
"Aqui onde me encontro
só
com a morte
todos os dias por companhia...
...oiço o chamar dos rios
e das rosas em botão
que te ofereci tanta vez
Vejo o riso das avenidas floridas
que nos olhavam embevecidas
aos domingos
nos nossos passeios de mãos dadas
Promessas que receio não cumprir...
Aqui no sobressalto da mata traiçoeira
onde espreita o medo de morrer,
onde a emboscada está
sempre
prestes a eclodir...
...rezo
sem saber orar sequer
no palco medonho da guerra
Invento orações
nas palavras que ficam por dizer
e nos poemas que ficam
por escrever"
- in "há o silêncio em volta" de Alvaro
Giesta
Esse
tempo de ausência, esse tempo de raiva e desespero nesta guerra absurda, esse
tempo do vazio e da interrogação ao mesmo tempo, e da desilusão, também, de
inquietação e desassossego numa mistura de medo e até de respeito pelo inimigo
que está à nossa frente, ainda que oculto, sabe-se lá onde, esse tempo quase
nunca é de ódio porque, se ódio houver, é contra aqueles que nos põem na mão a
arma e nos empurram para a frente de combate sem sabermos bem para onde vamos e
porque vamos, ainda que nos tenham incutido na mente o sentimento de pátria.
Quantas vezes o arrependimento, sem saber como nem quando desistir...
"Desperto...
minhas
mãos frias
crispam
os dedos inertes
no
gatilho da espingarda
Debaixo
da mira
numa
linha que dificilmente erro,
o
alvo
Um
corpo negro,
meio
nu...
Apenas
o cobrem os restos daquilo que foi
um
camuflado zambiano
Veste
no rosto,
encimado
por um chapéu também camuflado,
uma
raiva sombria
Para
ele nós somos o invasor,
o
inimigo a abater que importa liquidar
ainda
que connosco tenha aprendido
rimas
de civilização
Nós
somos o invasor que (ele) quer
expulsar
destruir
aniquilar
E
ele, para mim, o inimigo de ontem
será
o amigo de amanhã
a
quem eu quero abraçar"
- in "há o silêncio em volta" de Alvaro
Giesta
Essa
inquietação surda, esse desassossego e descrença, essa falta do motor da busca
como resposta à nossa inquietude, essa falta de apoio de um porto de abrigo que
seja o lenitivo para os nossos momentos aflitivos em combate, que seja o local
onde, no fim de cada combate, nos pudéssemos recolher e meditar, ainda que se
transforme, às vezes, numa quase tentativa de resposta, molda-se-nos numa
simbiose de revolta e vazio. Num nada existencial nas nossas vidas e para as
nossas vidas... num indizível lamento de quase falta de fé.
"À volta de mim o terror e a morte...
olhares de medo
fixos na imensidão do vácuo
interrogam-se mudos
inquietos...
Dolorosamente pensam na razão
de tal sofrer
Mas não choram porque o pranto
se esgotou há muito
neste inquieto viver
Ah! se eu soubesse ao menos rezar...
Rezaria por ti
ó homem verme, tirano e sádico
que por prazer destróis;
Rezaria por ti
ó governante ganancioso e brutal
que o mais fraco aniquilas
Rezaria por ti
ó deus, que já nem sei se existes,
pela geração que criaste
e abandonaste"
- in "há o silêncio em volta" de Alvaro
Giesta
Essa raiva e dor que
sentimos quando vivenciamos a guerra numa mistura de sentimentos de difícil
compreensão, esta raiva silenciosa amordaçada na garganta, compartilhamo-la
também, e quantas vezes em primeira instância, com quem já cá não está entre
nós; porque sabemos de daí não haverá a crítica mordaz e injusta; porque esse
alguém também lá andou anos a fio na guerra, não fazendo, contudo, a guerra; ou,
então, fica no segredo das gavetas, anos a fio, até que se perca o medo do tal
julgamento injusto e saia para a rua no formato de livro.
Essa angústia, esse
medo de dizer pelo tal julgamento, muitas vezes injusto, que nos possam fazer
essas mentalidades tacanhas, cobardes e conservadoras, que possam fazer, neste
caso, a um ex-combatente da guerra
colonial, que é sempre um ex-combatente sem nome, mas com rosto, deixam ficar
essas memórias no papel escondidas bem no fundo duma gaveta, que não no
esquecimento.
"Este
silêncio inquieta-me.
Há horas que aqui estamos, deitados, com a arma a
nosso lado, à espera que o grupo de guerrilheiros, anunciado ontem à noite numa
Top Secret, como infiltrado a
partir da Zâmbia, aqui passe. Lá ao fundo, corre o Kwango. Rio rico em
diamantes, que já vem das terras altas do Alto Chicapa. E penso em ti, pai.
Naquele teu conselho. Mais aviso do que conselho:- “não te deixes matar; ficas
proibido de morrer!”. “Sim, pai.”- Prometi-te que não me ia deixar matar e vou
cumprir o prometido.
Doloroso é este silêncio aterrador.
É manhã cedo. Ou, melhor dizendo, é o dia ainda longe,
à espera de sair da noite. Estas noites africanas são quentes na época das
chuvas, e frias na altura do cacimbo. Hoje está uma noite quente. Abafada. Não
sopra lufada de ar. No céu da madrugada, ainda os restos de sangue do
incendiado vermelho que encerrou a noite. Sinto os pelos, pelo corpo,
arrepiados, eriçados. É o medo e uma premonição maldita a inquietar-me.
Fomos lançados de madrugada, mais pela noite dentro do
que, propriamente, pela madrugada. Agora esta espera desesperante. Tal como o
comandante do grupo de combate planeou, mal fomos largados, instalámos uns
metros para dentro da mata como se por automatismo. Tudo sincronizado. À retaguarda
fiquei eu instalado, pai, com a minha secção de proteção à retaguarda. O cabo
Dias, lembras-te? Aquele de quem te falei tanta vez quando eu dava instrução no
RI 21, o tal filho do teu amigo do colonato da Cela… sempre tão eficiente e tão
operacional! O perfil, exacto, que deve ter um combatente. Ele é que devia
comandar o pelotão e não este alferes(zito) emproado, recém saído do seminário.
É um medricas… e a guerra não se compadece de medricas, sabes bem disso! O “meu
cabo Dias”, esse, sim, sempre tão operacional…. nem era necessário precisar-lhe
onde instalar o morteiro.
“Furriel fico aqui… por detrás desta máscara é o
ideal.”
Dizia-me, ele, por sinais, batendo no ombro a
designar-me pelo posto e levando a mão ao rosto, mascarando-o, para depois levantar
o polegar em riste, a que eu correspondia com o mesmo gesto.
Era assim, pai, o filho do teu amigo. Um herói. Mas os
heróis também morrem e dalguns, nem sequer fala a história. Apenas, na
lembrança dos amigos, a sua imagem. E do valor, se algum lhe reconheceram, somente
fala a cruz de guerra entregue ao pai ou ao filho que o pai não conheceu. Esse
teu amigo, pai, esse pai do meu maior amigo que tive na guerra e a quem numa
ocasião fiquei a dever a vida, recordará hoje, o filho, nesse pedaço de ferro
em forma de cruz, sem valor e já sem préstimo. Era assim, meu pai, foi assim o
filho do teu amigo. Um herói!
Começa a doer-me o corpo da posição tão incómoda
imposta pelas regras de segurança. Doe-me o corpo, mas fervilha-me o cérebro.
Nasce-me, aos poucos, uma poesia. Prometo dizer-ta, meu pai, quando nos encontrarmos.
Após esta guerra acabar. Mesmo que um de nós já cá não esteja, ou se ambos já
cá não estivermos, fica prometido, aqui, sem a necessidade de testemunho
notarial, que hei de ter um herdeiro que a há-de dar à luz. E nós, ambos, onde
quer que estejamos, vamos ter conhecimento dela. Disso podes ter a certeza.
Prometo-te. E o prometido é devido e cumpre-se. Este cumprir-se-á! Estejamos
onde estivermos…
Está a amanhecer. Este silêncio dá cabo de mim. Tento
lembrar-me das coisas que me contavas no início desta guerra. Nos meus onze
anos, ouvia-te, quando regressavas a casa no final de cada campanha de seis
meses de ausência nas matas, do norte e do leste de Angola ao serviço do
instituto de cartografia, a chamada Missão Geográfica de Angola. Longe de nós; da
mãe e dos meus dois irmãos. Estavas um perito em mapas, dizias por brincadeira.
Tu, que andavas esse tempo todo agarrado ao volante de uma Hanomag ou de um
Unimog, o chamado “burro do mato”, a conduzir um engenheiro geográfico.
Contavas-me (que)
"Havia árvores caídas
pontes abatidas
e mortos na picada
Havia corpos inchados
do calor,
esventrados...
órgãos retirados e braços
decepados
Havia o cheiro a morte
e a traição
Ali apenas as moscas varejeiras
tinham vida
e apressadas teimavam em
tomar conta
de cada cadáver
Sob os corpos armadilhados,
a mina antipessoal
paciente
à espera de fazer mais
mortos
Havia a raiva e a dor
e a sementeira
de corpos pelo chão"
- in "há o silêncio em volta" de Alvaro
Giesta
Corpos decepados, esventrados…
Viste verter muito sangue nos primeiros anos de guerra
colonial. Contavas-me... ruas completamente cheias de cadáveres dos colonos e
seus serviçais; daqueles que contribuíam, verdadeiramente, para o progresso de
Angola. Estes, não eram os outros…
Corpos decepados, esventrados. Os homens, tantas vezes
sem os órgãos sexuais, que os guerrilheiros da UPA se divertiam a colocá-los,
depois de brutalmente arrancados, nas bocas das mulheres também mortas e
esventradas e com os seios arrancados à catana. Era a guerra inglória por
teimosia de um financeiro seminarista e lunático, que teimava em sacrificar um
povo por sadismo, apenas, argumentando a defesa e a integridade de um
território nacional.
Puta de pátria que teus filhos desprezaste um dia…
"Dói-me o poema. Dói-me
a guerra.
Sinto no ar, o medo e o
silêncio sepulcral
a invadir os primeiros raios
da manhã.
Corações sobressaltados em
prece e oração…
muitos sem saberem sequer
rezar.
No trilho traiçoeiro
espreita a morte a cada
passo
que se dê em falso na
picada.
Sem perder de vista o
combatente à minha frente
enquanto progrido no trilho,
ou a meu lado quando monto
em emboscada,
perscruto no lusco-fusco do
alvorecer
as sombras que se dissipam
por entre as silhuetas das
bissapas.
Nas mãos, doridas por matar
sinto o peso da G3
engatilhada.
Sempre engatilhada à espera
de matar
para não morrer.
Foi assim, meu pai…
De repente o grito e a dor; que tu conheceste bem sem
nunca teres vestido uma farda.
Depois
as lágrimas que nos morrem
afogadas
antes de nascerem,
pela raiva e pelo ódio surdo
dos corpos que ficam amputados."
- in "há o silêncio em volta" de Alvaro
Giesta
Espera. Espera aqui por
mim enquanto faço uma pausa, para dizer-te (para dizer-vos), que
"Guardo,
fielmente, comigo
um
emaranhado de papéis
tão
velhos como o tempo...
têm
as pontas dobradas de tanto os manusear
em
revisões constantes
em
visitas sempre novas para os não deixar
morrer
São
folhas soltas amarelecidas
onde
a tinta que antes usava de caneta
permanente
começa
a esmaecer
Como
se o luar secasse e se afundasse
no
sonoro abraço com que as suas ondas
se
abraçam à praia
onde
vêm beber saudade
e
morrer
ao
fim do dia
São
restos do "eu" estilhaçado
São
o grito...
são
um grito de silêncio
impotente,
imposto
no
fundo da garganta
duma
boca amordaçada
São
o silêncio desta guerra
que
se abate sobre nós
São
o silêncio do vazio
mas
são também
o
não às palavras que ficam por dizer"
desta
guerra que vos conto.
- in "todas as folhas têm chão" de Alvaro
Giesta
© Alvaro Giesta em 14/Out/2013,
Cais do Sodré, Lisboa.
Poetas intervenientes no evento poético-musical "Poetas do Povo", sob a égide do
anfitrião José Anjos, em Cais do Sodré-Lisboa dia 14/Outubro/2013 pelas 22H00,
com os poetas convidados e interventores Miguel Borges, Jaime Rocha e José
Candeias com acompanhamento musical por Alex Cortez
Sem comentários:
Enviar um comentário